O Pe. Andrew Dewan é o responsável da comunicação da Diocese de Pankshin, situada no estado de Plateau, na região centro da Nigéria, e tinha celebrado a Missa de Natal em Tudun Mazat poucas horas antes de homens armados terem irrompido pelas ruas aos tiros, matando indiscriminadamente quem por ali se encontrasse. Foi tudo muito rápido. Os habitantes da aldeia, conta-nos o sacerdote, nem tiveram tempo para dar o alarme. As pessoas foram sumariamente baleadas e mortas, as casas e o milho que tinha sido colhido foram incendiados, as igrejas e as clínicas também foram incendiadas, descreve o Pe. Andrew à Fundação AIS. Foi assim em Tudun Mazat e foi assim em mais de duas dezenas de aldeias. Entre os dias 23 e 26 de Dezembro, estas comunidades foram surpreendidas quando se preparavam para a celebração do Natal.
Cerca de 20 outras comunidades foram atacadas nessa noite. A primeira aldeia a ser varrida pelos Fulanis foi Mushu. Ainda era de noite. Pelo menos 18 pessoas foram aí assassinadas e várias ficaram feridas. Para o Pe. Andrew, que vive nesta região, não há dúvidas sobre a identidade dos atacantes nem sobre o alvo da violência. Foram ataques “bem coordenados e deliberados, visando especificamente comunidades cristãs”. O depoimento deste sacerdote é muito relevante. Ele vive na região, conhece estas aldeias e já falou com algumas das pessoas que sobreviveram aos ataques. “Todos foram categóricos em afirmar que se trata claramente de milícias fulani, ou de mercenários, como alguns relatos também alegaram.” A certeza das palavras do Pe. Andrew radica no facto de os atacantes terem escolhido os alvos quase casa a casa, pessoa a pessoa. Os pastores muçulmanos fulani são originários da região do Sahel, que em tempos foi habitável e tinha pastagens para os criadores de gado, mas que agora é praticamente um deserto, o que os levou a deslocarem-se cada vez mais para sul, para pastagens mais verdes.
A Nigéria é um país prioritário para a Fundação AIS. Além dos terríveis conflitos causados pelos pastores nómadas fulani, os Cristãos são vítimas também, especialmente no norte do país, de ataques por parte dos terroristas do Boko Haram e do grupo Estado Islâmico da África Ocidental. Além da ajuda que é dada às comunidades cristãs, é importante também para a fundação pontifícia a sensibilização da opinião pública para esta situação que praticamente tem sido ignorada pela Comunicação Social. O ataque às 26 aldeias cristãs no estado de Plateau é também um exemplo do silêncio quase criminoso que se está a verificar. Houve quase 200 mortos e cerca de 300 feridos. Casas e colheitas foram destruídas, igrejas e centros de saúde incendiados. No entanto, nas rádios, nas televisões e nos jornais não houve uma linha sequer para isto, não se gastou um segundo a denunciar o que aconteceu. Duzentos cristãos mortos na Nigéria e não é notícia…. É por isso também que existe a Fundação AIS…