Um padre tinha sido raptado no Mali | 5MIN #150 | 03DEZ22

A notícia chegou com algum alarido. Um padre tinha sido raptado no Mali. Apesar de este ser um país africano onde grupos jihadistas quase que rivalizam com as autoridades do Estado na afirmação de quem manda mesmo, têm sido muito raros os casos de ataques ou de raptos de sacerdotes na capital, na cidade de Bamako.
Por isso, quando se soube que teria sido aí que se deu o rapto do padre Hans-Joachim, da Sociedade dos Missionários de África, também conhecidos como Padres Brancos, cedo se percebeu que este seria um caso para se levar muito a sério.
Até este momento, não há informações sobre o seu paradeiro, nem quem o terá levado, nem porquê. Não se sabe de nada. Apenas há a informação de que o seu automóvel foi encontrado com as portas abertas e que a cruz que o padre trazia sempre consigo estava caída no chão. Sabe-se também que ele não apareceu, como combinado, numa igreja nos arredores da capital do Mali para celebrar uma missa. Aliás, foi essa ausência, essa demora que fez lançar as primeiras suspeitas.
O padre Joachim é um missionário que nos merece a máxima admiração. Há mais de trinta anos que vive em África, no Mali, e sempre com uma preocupação especial: ser um construtor de paz no meio de um país que carrega consigo uma história de violência e de morte. O terrorismo é um exemplo da ameaça que paira sobre todas as populações todos os dias desde há muitos anos.
O padre Joachim estava particularmente empenhado na promoção do diálogo inter-religioso, leccionando para isso no Instituto de Educação Cristã-Islâmica, em Bamako, e a sua missão era apoiada directamente pela Fundação AIS.
A notícia do rapto deste missionário é um sinal também da deterioração das condições de vida para a comunidade cristã neste país africano.
O padre alemão estava bem ciente, no entanto, dos riscos que corria por estar no Mali. Ele próprio o referiu em diversas entrevistas. No entanto, apesar de saber que poderia, por exemplo, vir a ser raptado, o padre Joachim não se desviava do essencial: prosseguir o seu trabalho como missionário.
A sua vida tem sido um exemplo. Ele deu, até agora, tudo o que tinha, tudo o que possuía, todo o seu ser e energia ao serviço das populações do Mali. Fica-se sem palavras perante a notícia de que um homem bom, apostado em fazer o bem, possa ter sido raptado, ao que tudo indica, por um dos muitos grupos terroristas que pululam no Mali. Rezemos por ele e não baixemos os braços na luta pela defesa dos cristãos que são tão perseguidos em tantos países do mundo. O Mali, onde o padre Joachim foi agora raptado é apenas um deles…
Paulo Aido

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