Rezar e denunciar os que estão injustamente nas prisões da Eritreia | 5MIN # 146 | 03NOV22

No dia 15 de Outubro, Abune Fikremariam Hagos foi preso no aeroporto de Asmara. Provavelmente não ouvir falar disto. Provavelmente nem saberá quem é Abune Fikremariam Hagos. Esta é mais uma notícia que passou praticamente despercebida aos olhos do mundo.
Abune Hagos é Bispo católico de Segheneity, na Eritreia. No dia 15 de Outubro, quando a polícia do aeroporto de Asmara, deteve Abune Hagos, procurou fazê-lo desaparecer de vista o mais depressa possível.
Durante vários dias não se soube onde estava, como estava, o que lhe tinha acontecido. Ele tinha viajado até à Europa e no regresso ao seu país, já no aeroporto, foi detido.
As primeiras notícias asseguram que ele está na prisão de Adi Abeto, juntamente com, pelo menos, mais dois sacerdotes, estes detidos já há mais tempo.
A detenção deste Bispo e dos dois padres, vem recordar o clima de tensão existente entre a Igreja e as autoridades na Eritreia.
Em Junho de 2019, as autoridades encerraram mais de duas dezenas de hospitais e centros de saúde ligados à Igreja, deixando cerca de 200 mil pessoas sem atendimento.. Tudo isto ajuda a perceber por que este é um dos países pior classificados pela Fundação AIS no seu relatório sobre a liberdade religiosa no mundo… Aliás, a Eritreia é conhecida como sendo a ‘Coreia do Norte de África’, por ser um regime particularmente repressivo no que diz respeito à liberdade religiosa.
A prisão do Bispo de Segheneity é apenas mais um sinal de que a repressão das autoridades sobre a comunidade católica permanece como uma ameaça bem real e quotidiana.
A falta de informações é um dos lados mais tenebrosos dos regimes fechados que violam constantemente as leis e o respeito pelos direitos humanos.
Não se sabe o que estará a acontecer, mas não podemos ignorar que está a acontecer. Sem outros instrumentos para agir, sem outros meios para fazer erguer a nossa voz na defesa deste bispo e destes dois sacerdotes e de todos os que estarão injustamente nas prisões da Eritreia, resta-nos denunciar tudo isto ao mundo, e, claro, rezar. Rezar por eles. Nós, na Fundação AIS, acreditamos no poder da oração. Podem prender o Bispo, os padres, os cristãos, mas não conseguem aprisionar o que lhes vai na alma…
Paulo Aido

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