Eles esperam de nós mais do que o silêncio | 5M #149 | 26NOV22

No dia 10 de Novembro, no Chile, grupos radicais, ligados ao movimento Mapuche, incendiaram durante a madrugada, uma capela numa pequena povoação, no sul do país. Queimaram a igreja como protesto. Querem a devolução de terras ancestrais que foram retiradas à comunidade e estarão agora nas mãos de grupos latifundiários, de empresas.
No México, em resposta ao protesto de um cidadão, que não gosta de ver imagens relacionadas com o Natal, que não gosta de ver símbolos religiosos na rua, na pequena cidade de Chocholá, o Supremo Tribunal de Justiça está a equacionar a possibilidade de proibir, nessa cidade, a instalação de presépios.
No Chile houve um ataque a um templo, no México discute-se um ataque a um símbolo, uma celebração, uma tradição cultural.
Dois países, duas notícias e, de certa forma, uma mesma realidade: a perseguição aos cristãos. Curiosamente, ambas as notícias surgem no preciso momento em que a Fundação AIS divulga mais um relatório ‘perseguidos e esquecidos?’ – esquecidos com ponto de interrogação – sobre a perseguição aos cristãos no mundo.
A leitura destes relatórios – que recomendo, em fundacao-ais.pt – deixa-nos inquietos. Mas se perturba perceber que tem aumentado de ano para ano a perseguição às comunidades cristãs, com ataques a paróquias, destruição de templos, rapto de pessoas, assassinatos, violência sem fim… se perturba perceber isso, ainda escandaliza mais compreender que o mundo assiste a esta violência com uma indiferença chocante.
Não sei o que é mais grave. Se os ataques indiscriminados contra os cristãos, se o silêncio de quem nada faz, de quem nada diz. O silêncio cúmplice de governantes, de líderes políticos, de responsáveis de empresas, de organizações internacionais diz muito sobre o mundo que temos.
Em muitos lugares, em muitos países, rezar em público pode ser um acto arriscado. Em muitos lugares, alguém assumir-se publicamente como cristão é já quase uma ousadia.
Que podemos fazer? Seguramente que muita coisa. Mas seguramente também que não devemos ficar quietos nem calados. Os cristãos que sofrem, que são perseguidos, que são humilhados, maltratados, que são levados à força das suas casas, das aldeias onde sempre viveram, os cristãos que são violentados esperam de nós mais do que o silêncio.
Paulo Aido

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