A maior ameaça está, isso sim, na nossa indiferença | 5MIN #169 | 15ABR23

O mundo parece ignorar o que se passa na Nigéria, onde grupos armados espalham medo, destruição e morte. Um ataque de pastores nómadas fulani na Sexta-Feira Santa, 7 de Abril, na Diocese de Makurdi causou mais de três dezenas de mortos.
A situação é terrível. Numa linguagem telegráfica, o padre Remigius Ihyula descreveu para a Fundação AIS o ataque ocorrido nessa noite. Disse ele: “Os Fulani entraram num campo de deslocados internos para matar estas almas inocentes. Mais de 35 mortos e incontáveis feridos. Os campos de deslocados nas proximidades estão agora todos numa confusão.”
Tudo isto aconteceu na Diocese de Makurdi, situada no estado de Benue, na região central da Nigéria. “Tem sido um Sábado negro para nós aqui”, acrescentou o sacerdote na curta mensagem escrita à pressa, ainda no quente dos acontecimentos.
Os ataques por ali não são propriamente novidade.
Desta vez, os pastores nómadas fulani, que se confundem cada vez mais com radicais muçulmanos, com grupos terroristas, desta vez atacaram mesmo um campo de deslocados.
E só nesta diocese há sete campos que albergam, no seu conjunto, cerca de dois milhões de pessoas. Não me enganei, nem ouviu mal. Dois milhões de nigerianos vivem em campos de deslocados só na região que corresponde à diocese de Makurdi.
A Nigéria transformou-se numa armadilha para os cristãos.
Padres, irmãs, leigos, bispos, catequistas, todos são um potencial alvo de grupos terroristas como o Boko Haram, ou dos postores nómadas fulani, cada vez mais bem armados, cada vez mais ameaçadores, ou são um dos alvos preferidos dos gangues que sequestram pessoas e só lhes poupam as vidas a troco do pagamento de resgates.
Está difícil, muito difícil, a vida dos cristãos na Nigéria, mas a maior ameaça não está no dedo no gatilho dos terroristas, nem nas bombas que eles fazem deflagrar.
A maior ameaça está, isso sim, na nossa indiferença.
Os cristãos da Nigéria pedem-nos ajuda. Não podemos mesmo virar-lhes as costas.
É uma questão de vida ou de morte.
Paulo Aido

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