5 minutos com a AIS #110

Começou há duas semanas o julgamento dos assassinos do padre Jacques Hamel, de 85 anos de idade, degolado em plena igreja de Saint-Étienne-du-Rouvray, em França, em 26 de Julho de 2016.
Os autores materiais do crime foram abatidos pela polícia, mas os seus cúmplices sentam-se agora no banco dos réus. São todos jihadistas, pertencem todos ao Daesh, o grupo terrorista Estado islâmico.
O assassinato do padre Hamel comoveu o mundo, o mundo cristão e não só, pela idade avançada do sacerdote, pela violência brutal usada pelos terroristas, mas também pelo facto de ter sido o primeiro padre católico a ser morto na Europa pelo Daesh.
Ainda hoje é com profunda perplexidade que se recorda tudo o que aconteceu. É difícil compreender tanta maldade, tanto ódio, tanta capacidade para fazer mal a alguém tão idoso e de aspecto tão frágil como o padre Jacques Hamel.
Não foi apenas um ataque fortuito, foi algo planeado nos mais diversos pormenores, concebido para perturbar, para servir de aviso a todos os crentes, aos cruzados, como os jihadistas gostam de apelidar os cristãos.
Mataram o padre Hamel para atemorizar a comunidade cristã, mas acabaram por plantar, isso sim, uma profunda semente de fé. Considerado como mártir pelos fiéis mal se soube da notícia do assassinato, o processo de beatificação do padre Jacques Hamel aí está como resposta aos que levantam a espada contra a cruz.
A chamada fase diocesana já terminou em 2019 e é curioso verificar que foram reunidas mais de 11 mil páginas de documentos – repito: 11 mil paginas – de testemunhos, de histórias de vida e homilias deste sacerdote francês que o Papa Francisco já recordou como sendo “um homem manso e bom, que criava fraternidade” e que “deu a vida para não renegar Jesus”.
A fidelidade do padre Hamel nos instantes finais da sua vida, enfrentando os terroristas, sabendo que ia morrer, sabendo que ia ser assassinado, deve inspirar-nos a todos nesta Europa que se está a acinzentar tanto, que parece estar a esquecer-se das suas raízes cristãs, da sua própria história e identidade.
A comunidade cristã tem honrado a memória do padre Hamel. Há cada vez mais pessoas que se deslocam à Igreja de Rouen para rezar, mas também há quem se dirija até lá em peregrinação, emprestando a este lugar onde se derramou o sangue de um sacerdote, de um mártir, um sentido muito particular, muito especial. Que nunca nos esqueçamos do padre Jacques Hamel nas nossas orações e que ele nos inspire também a sermos cristãos de verdade.
Paulo Aido