Querem fazer do Bispo de Matagalpa um caso exemplar | 5MIN #153 | 24DEZ22

Prossegue o ataque contra a Igreja na Nicarágua. As autoridades judiciais acusam agora D. Rolando Álvarez do crime de conspiração “por atentar contra a integridade nacional”. O julgamento do Bispo de Matagalpa, que está em prisão domiciliária desde 19 de Agosto, vai ter início a 10 de Janeiro do próximo ano, data em que está marcada a primeira audiência de instrução.
D. Rolando está acusado também de “divulgar notícias falsas através das tecnologias de informação e comunicação em detrimento do Estado e da sociedade nicaraguense”.
Este não é o único em caso que as autoridades querem mostrar quem manda no paós. Um padre, Uriel Antonio Vallejos foi considerado “foragido da justiça” e foi enviado um mandado de captura internacional através da Interpol.
A prisão do prelado, agora confirmada pelo Tribunal, ocorreu, recorde-se, na madrugada de 19 de Agosto e foi um dos momentos mais marcantes nos últimos tempos da repressão das autoridades sobre a comunidade cristã nicaraguense, mas não o único.

Antes de o Bispo ter sido colocado em prisão domiciliária, e já este ano, o governo de Daniel Ortega expulsava o núncio apostólico, forçava a saída do país das Missionárias da Caridade, a congregação fundada pela Santa Madre Teresa de Calcutá, assim como de outros religiosos e sacerdotes, e provocava também o encerramento do canal de televisão da Conferência Episcopal e de outras seis estações de rádio católicas.
Se alguém tivesse ainda dúvidas do carácter persecutório do regime, saiu há dias a edição actualizada do relatório “Nicarágua: uma Igreja perseguida?”, da responsabilidade da advogada e investigadora Martha Patricia Molina. E que diz este relatório? No período entre Abril de 2018 e Outubro deste ano, houve 396 ataques contra a Igreja Católica neste país da América do Sul.
Entre as quase quatro centenas de episódios documentados, há relatos de profanações, roubos, ameaças e discurso de ódio. Durante este período, foram vários os bispos, padres, irmãs e leigos visados pelas autoridades. Agora, as autoridades querem fazer do Bispo de Matagalpa um caso exemplar. Não lhe perdoam ter erguido a sua voz a denunciar os atropelos da justiça, de um regime opressivo. Prenderam o Bispo mas seguramente que não vão calar a sua voz.

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