Há um ano, a 6 de Fevereiro, a terra tremeu violentamente no norte da Síria, provocando mais de 6 mil mortos e milhares de feridos e desalojados.
Um ano depois, a situação continua trágica. A irmã Maria Lúcia Ferreira, mais conhecida como Irmã Myri, uma religiosa portuguesa que vive num mosteiro na vila de Qara, enviou uma mensagem para a Fundação AIS em Lisboa a dar conta precisamente da aflição em que vivem as pessoas, as comunidades que foram mais atingidas pelo sismo.
Muitas das famílias que viviam nessas zonas ainda não conseguiram regressar a casa, pois essas casas estão ainda danificadas, estão ainda a ameaçar ruir, estão ainda a precisar de obras.
Passou um ano e todas estas pessoas, todas estas famílias continuam dependentes da ajuda de instituições de solidariedade, de instituições como a Igreja pois são demasiado pobres para mandarem reparar as suas casas e o próprio Estado parece também incapaz de resolver este e tantos outros problemas que se colocam à vida quotidiana dos sírios.
Os relatos que nos chegam deste país, que a irmã Maria Lúcia Ferreira vem sublinhando sempre que fala com a Fundação AIS, é que a pobreza está a alastrar de forma alarmante, que as pessoas mal conseguem fazer uma refeição por dia, que falta tudo em todo o lado, a começar nas coisas básicas como o combustível para o aquecimento no inverno. Tudo parece estar a faltar, tudo parece estar a falhar na Síria.
Por isso, não se estranha que cresça também de dia para dia o número de famílias que emigram, que abandonam a Síria para sempre. Os cristãos fazem parte dos que buscam lá fora aquilo que já não conseguem encontrar no próprio país.
Esta é a outra tragédia. A cidade de Alepo, a segunda mais importante da Síria, tinha, há cerca de 10 anos, praticamente 200 mil cristãos.
Hoje são apenas 20 mil. Não é preciso lembrar que a Síria é um país fundador do próprio cristianismo. Foi na estrada de Damasco que se deu a conversão de São Paulo.
Mas, dois mil anos depois, parece que é preciso de novo um milagre para impedir o desaparecimento dos cristãos não só da Síria Mas também de todo o Médio Oriente.
