Quanto vale uma vida humana? | 5MIN #219 | 30MAR24

Quanto vale uma vida humana? Seguramente que não é o mesmo em todas as regiões do mundo. Basta pensar nos países em guerra, ou que enfrentam a ameaça terrível e imprevisível e cobarde do terrorismo, ou que dependem de governos autoritários que podem, querem e mandam.
Quanto vale, por exemplo, uma vida humana na Ucrânia, um país em guerra que a Rússia tenta riscar do mapa lançando dos céus dezenas de mísseis todos os dias?
Quanto vale uma vida agora em Cabo Delgado, onde milhares de pessoas fogem com uma trouxa à cabeça, procurando escapar à selvajaria demente dos grupos terroristas que assolam o território norte de Moçambique?
Quanto vale uma vida agora na Síria, um país que está em guerra não há dois anos e um mês como na Ucrânia, mas há 14 longos anos?
Sobreviver assim é difícil, doloroso e arriscado.
Nestes países há milhões de pessoas que não sabem se amanhã estarão vivos, se não serão apanhados na ratoeira de uma bomba algures na Síria, se não serão degolados pela faca afiada de algum jihadista em Cabo Delgado, se não serão simplesmente pulverizados pelo impacto de um dos muitos mísseis hipersónicos que Moscovo lança sistematicamente contra Kiev e outras das principais cidades ucranianas.
Estamos a falar em milhões de pessoas como nós, pais, filhos, tios, avós, rapazes e raparigas, bebés e idosos, pessoas comuns que apenas têm a má-sorte de viverem em lugares em guerra.
Falamos da Síria, da Ucrânia, de Moçambique. Mas poderíamos estar a falar do Sudão, da República Centro-Africana, da República Democrática do Congo, de Mianmar, do Iémen, do Haiti. Poderíamos estar a falar também do Afeganistão, da Líbia, de tantos lugares onde há soldados, onde há combatentes, onde há guerra, onde há violência e sofrimento e morte.
Quanto vale uma vida humana nestes lugares onde a lei é escrita pelos mais fortes, os que estão com os dedos no gatilho das armas, das metralhadoras, dos lançadores de mísseis?
Em muitos destes lugares, em muitas destas guerras esquecidas que praticamente já nem são notícia, a Fundação AIS está presente através dos padres e das irmãs e dos leigos consagrados, dos seminaristas e dos bispos, dos que se atrevem a ir até às últimas fronteiras, até às linhas da frente, até às trincheiras, para resgatar os que aí estão a sofrer, os que fogem da violência, os que pedem socorro.
Para nós, Fundação AIS, é um privilégio poder sustentar esta Igreja que não desiste, que todos os dias está presente nos lugares mais inóspitos, mais duros, mais desumanos.
Quanto vale uma vida humana? Infelizmente, em muitos lugares, em demasiados países, não vale nada. Mas para esta Igreja de mangas arregaçadas, feita de heróis anónimos, para estes padres e irmãs, para estes homens e mulheres que ajudam os que mais sofrem, todas as vidas são preciosas, todas as pessoas contam. Todas, todas, todas…
PA

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