Nos dias 12 e 13, essencialmente nesses dias, um poderoso ciclone atravessou Moçambique A província da Zambézia e muito especialmente a Diocese de Quelimane foram muito afectadas.
O Bispo de Quelimane descreveu, em entrevista à Fundação AIS, um cenário dramático com pessoas a morrer de fome e também de cólera. E pede ajuda. Todas as igrejas da diocese ficaram sem telhados, ficaram parcialmente destruídas… Isto é só um retrato, um breve retrato da calamidade em que se encontra esta região de Moçambique, um dos países mais pobres do mundo.
“O povo neste momento não tem o que comer”, diz, ao telefone, desde Moçambique, D. Hilário Massinga. “As pessoas estão a passar fome. Estão mesmo a passar fome! E temos um problema adicional que é a cólera. Aqui há gente a morrer”, diz o prelado, referindo que o facto de quase não haver saneamento básico está a agravar a situação.
De facto, é imenso o rasto de destruição deixado pelo ciclone Freddy, com pelo menos 160 mortos, 50 mil deslocados e mais de 350 mil pessoas afectadas.
Estes números são gigantescos face à falta de recursos disponíveis para acudir a todas as situações mais urgentes. A prioridade é a alimentação dos que perderam tudo o que tinham, mas a distribuição de redes mosquiteiras é também essencial para se evitar, ao máximo, a propagação da malária, alerta o Bispo.
Estes fenómenos meteorológicos extremos, que ocorriam normalmente com seis ou sete anos de intervalo, são agora cada vez mais frequentes dadas as mudanças climáticas que se estão a verificar um pouco por todo o planeta, e acentuam a já profunda pobreza em que se encontra o país.
A tudo isto, soma-se a tragédia do terrorismo que tem afectado essencialmente o norte do Moçambique, onde grupos armados, que reivindicam pertencer aos jihadistas do ‘Estado Islâmico’, têm lançado, desde Outubro de 2017, sistemáticos ataques que já provocaram cerca de 4 mil mortos e quase 1 milhão de deslocados internos.
Toda esta situação tornou Moçambique num país prioritário para a Fundação AIS no continente africano, especialmente no que diz respeito ao apoio às vítimas do terrorismo. Agora, a prioridade é Quelimane, a prioridade é ajudar as vítimas do ciclone Fredddy. O Bispo alerta que há pessoas a morrer de fome e de cólera. A ajuda é mesmo muito urgente.
Paulo Aido