A guerra na Ucrânia começou na madrugada de 24 de Fevereiro. Na semana passada, quando se assinalou o primeiro mês de combates, o primeiro mês da invasão, precisamente na véspera da Consagração da Rússia e da Ucrânia ao Coração Imaculado de Maria – cerimónia que decorreu em simultâneo no Vaticano e em Fátima –, o arcebispo Svyatoslav Schevtchuk, primaz da Igreja Greco-Católica Ucraniana, enviava uma mensagem dramática sobre a situação na cidade de Mariupol. Uma cidade mártir.
Ele pede as nossas orações por todos os que enfrentam na terra ucraniana o horror da guerra, mas pede muito especialmente que olhemos para essa cidade de nome Maria, que praticamente já sucumbiu à artilharia cega e brutal das tropas russas.
É preciso olhar para Mariupol e ver. É preciso escutar os lamentos dos que ainda lá se encontram, encurralados, numa situação dramática.
Diz o arcebispo que “a cidade de Mariupol está coberta de centenas de cadáveres, milhares de pessoas que não têm ninguém para enterrá-las”. E pede, suplica, por corredores humanitários.
É preciso salvar os que ainda não tombaram, é preciso salvar os que ainda estão entre os escombros dos prédios, dos bairros dizimados pelas bombas. É preciso criar corredores humanitários.
Os que não foram mortos pela artilharia dos soldados russos estão a morrer à fome e à sede. Na semana passada, diz o arcebispo, os sobreviventes de Mariupol conseguiram água para beber graças à neve que derreteu. Mas deixou, entretanto, de nevar. Morre-se em Mariupol.
Esta é uma cidade heróica e moribunda. Mariupol está num destroço. É o maior monumento à insanidade dos homens, à insanidade das guerras. À brutalidade desta guerra. Mariupol é a nova Estalinegrado, é a nova Guernica.
Não é possível falar na destruição de Mariupol e não reparar que nas ruínas das suas casas destruídas pelas bombas, que nos cadáveres que se amontoam nas ruas, estão impressas as palavras de Maria em 1917 a três crianças numa pobre aldeia no meio de Portugal. É impossível não reparar na mensagem de Fátima. Estamos todos convocados para o campo de batalha. O Terço é a nossa arma.
Paulo Aido | 01.04.2022