O governo provincial do Punjab, no Paquistão, emitiu uma notificação oficial proibindo que nos anúncios oficiais de trabalho seja feita alguma referência exigindo que, para determinadas funções, mais humilhantes, como a limpezas das ruas ou dos esgotos, apenas possam candidatar-se indivíduos pertencentes à religião cristã ou a outras minorias religiosas no país.
É uma vitória ao fim de trinta anos de luta de organizações de defesa dos direitos humanos.
A decisão do governo regional do Punjab é muito significativa.
Na verdade, calcula-se que os cristãos, que representam apenas cerca de 2 por cento da população do Paquistão, sejam responsáveis por mais de 80 por cento do trabalho relacionado com a higiene do espaço público, seja como varredores de ruas ou na limpeza de esgotos, tarefas que muitas vezes são realizadas sem quaisquer medidas de proteção, o que as torna potencialmente perigosas.
São inúmeros os riscos associados a estes trabalhos, nomeadamente intoxicações por inalação de gases tóxicos, infeções, doenças de pele e dos olhos…
Não é raro haver notícias de trabalhadores que morrem por causa destes trabalhos…
Aliás, não é incomum ver homens quase despidos enfiados nos canais de esgotos das cidades, procurando limpá-los quase que apenas com as próprias mãos, num exercício que por si diz muito sobre o desprezo social de uma sociedade sobre pessoas que são olhadas com total indiferença.
O que sofrem estes trabalhadores, a dureza do que fazem e a miséria que recebem fala por si.
A partir de agora, nos anúncios oficiais no Punjab, sempre que uma entidade governamental pedir pessoas para a limpeza das ruas ou dos esgotos não poderá mais dizer que se trata de um trabalho para cristãos ou para não-muçulmanos.
Isto é uma vitória. Mas na verdade é tudo demasiado miserável para se celebrar.
Fica aqui a notícia e o desafio para que se continue a ajudar a comunidade cristã do Paquistão. É preciso denunciar, é preciso ajudar os que mais precisam. A Fundação AIS aqui estará a lembrar que temos todos o dever de erguer a nossa voz perante tantas injustiças que existem em tantos países do mundo.
PA | 11 Junho 22