5 minutos com a AIS #112

É com apreensão e medo que o padre Natanael Harasym acompanha o evoluir da situação na Ucrânia. Ordenado na Igreja Ucraniana Greco-Católica, este sacerdote está ao serviço do Patriarcado de Lisboa desde há cerca de vinte anos, mas transformou-se nos últimos dias, num dos símbolos da denúncia da agressão que a Ucrânia está a sofrer, vítima do ataque brutal do exército da Rússia.
Em entrevista à Fundação AIS ele fala do orgulho que sente em pertencer à Igreja ucraniana e lembra que, desde que começou a invasão, até parece que os cristãos regressaram aos tempos das catacumbas…
Natanael fala com uma autoridade natural e usa as palavras para denunciar. São uma das suas armas. A outra é a oração. Está sempre com um rosário na mão, pronto a dedilhar ave-marias, pronto a pedir ajuda à Mãe de Deus para o seu país, para a sua terra, para a sua pátria.
Natanael diz que há já padres mortos, que os bispos estão numa lista para serem eliminados, mas afirma, com um indesmentível orgulho, que a sua igreja resiste, que está na linha da frente contra o opressor e que, de dia para dia, consegue compreender melhor por que razão a sua Ucrânia é invencível. Afinal, diz, esta é uma guerra especial: é a guerra entre o bem e o mal.
Natanael, o padre Natanael, diz que a Ucrânia está a ser crucificada aos olhos do mundo e que muitos apenas observam.
O padre Natanael agradece, comovido, a ajuda que Portugal tem vindo a dar. Uma ajuda espontânea, um abraço natural entre dois povos que se querem bem, que aprenderam a conhecer-se, que se tornaram vizinhos.
Mas o padre Natanael não disfarça também o medo de que a guerra não se fique pelas fronteiras do seu país, e venha a alastrar pelo Velho Continente, arrastando o mundo para um conflito ainda maior, ainda mais grave, ainda mais trágico.
Se os exércitos não conseguirem deter o Hitler de hoje, como o padre Natanael chama a Vladimir Putin, então só resta mesmo a força da fé, só resta mesmo a oração, a arma mais poderosa. O padre Natanael tem medo. Afinal, o mundo está em guerra.
Paulo Aido

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