#337 Comentário às declarações do Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa

Nem 1, nem 400, nem milhões.
O problema de termos um Presidente da República beato.
Sou republicano e ateu e sempre fui adepto de um laicismo efectivo em Portugal, porque apesar de a Constituição o dizer, na prática tal não acontece.
Apesar da amizade, da partilha de alguns círculos de interesses, nunca apoiei as suas candidaturas e disse-lo frontalmente, aí estará a desculpa para nunca ter agenda para uma entrevista aqui. E a razão pela qual nunca apoiei é porque sempre reparei que primeiro que tudo era um beato e nunca conseguia largar tal postura, aliás, qual foi recebido pelo Papa Francisco beijou-lhe o anel papal, quando ele esteve com o Papa enquanto Presidente da República e não como fiel, um chefe de estado não se verga a outro chefe de estado. John Kennedy é o único presidente americano católico, quando se encontrou com o Papa não lhe beijou o anel, como diziam as casas de apostas, eis uma diferença de estadistas.
Já tínhamos percebido na semana passada que os dispos tinham sido informados das investigações pelo próprio presidente da república, Igrejagate?
Marcelo tem que proteger os seus amigos, mas ele é Presidente da República, não é um paroquiano.
Política arrumada, as vítimas.
Nunca é apenas uma vítima, é uma pessoa que é traída na sua fé, não acredito em Deus, mas não me impede de reconhecer o quanto importante são as religiões na acção social solidária, de rumo e de normas.
Nunca é apenas uma vítima, é uma sociedade que se descredibiliza.
Nunca é uma vítima é alguém que não irá confiar em relações.
Nunca é uma vítima mas sim combustível a populismos baratos.
Que mal faz uma criança para ter que carregar esta cruz pregada na sua vida por alguém que se diz um servente de Deus?
Se tivéssemos um verdadeiro Presidente da República, estas declarações não aconteciam.
Deixo esta reflexão a vocês.

Cláudio Fonseca

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