O presente mais desejado | HS #483 | 21JAN24

Farha e Nidaa são duas viúvas libanesas. Ambas perderam os maridos em 2016, num ataque suicida do Daesh, os terroristas do Estado Islâmico. A vida, então, já era complicada. A economia do Líbano começava a dar sinais de crise, de uma crise que se foi agravando com o passar do tempo e que, hoje em dia, está presente em todos os sectores da sociedade, afectando praticamente todas as famílias. Farha tem três filhos e Nidaa quatro. Tanto uma como a outra vivem na aldeia libanesa de Qaa, situada perto da fronteira com a Síria. A situação em que se encontram é um retrato da pobreza extrema em que está este país. Os maridos de Farha e de Nidaa eram o ganha-pão das suas casas. O atentado terrorista ceifou não só as suas vidas como deixou ambas as famílias ao abandono quase total. O subsídio que recebem agora do exército, cerca de 92 euros por mês, é claramente insuficiente até para a sobrevivência quotidiana. Não é só a comida que falta, a roupa que não existe, ou o facto de as casas, por exemplo, agora, no Inverno, estarem geladas e a electricidade ser muito cara e uma raridade no país. Não é só isso que falta. As crianças ficaram também traumatizadas pela morte violenta dos seus pais e precisam de ajuda psicológica. O apoio médico é, aqui, essencial.
Na verdade, falta tudo nestas casas, falta tudo em quase todas as casas no Líbano. A sobrevivência, no dia-a-dia, é feita apenas com recurso a inúmeros sacrifícios, em que se renuncia a quase tudo para se ficar apenas com o essencial. E nesse essencial não há lugar para as prendas de Natal. No entanto, a Fundação AIS tem vindo a promover no Líbano e também na Síria, uma enorme operação solidária destinada às crianças das famílias mais vulneráveis. Na Síria, esta campanha teve início em 2015. No Líbano vai apenas no terceiro ano. A Irmã Raymonda Saada, da Congregação das Irmãs de São José de Lyon, é um dos rostos desta iniciativa. Graças à sua energia e dedicação, foi possível distribuir este ano lembranças de Natal por 11 mil crianças, mais mil do que no ano passado. Não é fácil lidar com toda esta logística. Dada a situação no país, o mais urgente era mesmo a distribuição de roupa quente para os bebés e crianças resistirem um pouco melhor aos rigores do Inverno. “Queremos estar ao lado das famílias necessitadas, especialmente das crianças”, diz a Irmã Raymonda, à Fundação AIS. Em comparação com as necessidades quotidianas, uma peça de roupa nova pode parecer uma coisa pequena, até banal, mas significa muito para elas. “Com coisas simples podemos dar alegria e esperança, testemunhar a Encarnação do Emanuel, a presença de Deus entre nós, e criar um mundo novo”, acrescenta esta religiosa. Nada disto teria sido possível, porém, sem a colaboração de inúmeros voluntários da Igreja que ajudaram a Irmã Raymonda nesta operação de Natal. Mas também nada disto teria sido possível sem a ajuda dos benfeitores da Fundação AIS em Portugal e em tantos países. Uma generosidade que permitiu comprar as lãs e pagar a confecção das camisolas, o que representou também, por si, um apoio importante para a sobrevivência das famílias que estiveram envolvidas na sua produção. “Nas minhas orações, nunca esqueço os benfeitores da Fundação AIS. Sem vós, não seríamos capazes de realizar nada. Obrigada por acreditarem neste projecto. Foram vocês e todos os vossos donativos que tornaram este sonho uma realidade. Temos a certeza absoluta de que Jesus Cristo vos está a abençoar, onde quer que estejam; e a cada presente, a cada sorriso de uma criança, estão a receber uma graça especial. Agradecemos-vos do fundo do nosso coração”, disse Irmã Raymonda. Saada

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