“As vossas lágrimas são as minhas lágrimas, a vossa dor é a minha dor. A cada família enlutada ou desalojada por causa de aldeias incendiadas e outros crimes de guerra, aos sobreviventes das violências sexuais, a cada criança e adulto ferido, digo: estou convosco, quero trazer-vos a carícia de Deus.”
Estas palavras são de Francisco. O Papa disse isto perante algumas das inúmeras vítimas da violência na região leste da RD Congo. O Papa esteve neste país africano assim como no Sudão do Sul.
Esta viagem a África, a quadragésima do seu pontificado, ficou marcada por um forte apelo à paz, à denúncia de todas as causas da guerra, aos atropelos aos direitos humanos, à escravização de mulheres e crianças, à barbaridade, à ganância das riquezas, à ganância dos que não se incomodam com o sofrimento, com as lágrimas, com a dor de tantas e tantas pessoas que são simplesmente atropeladas nos seus direitos mais básicos.
Se o pontificado de Francisco se reduzisse a esta viagem, a estes discursos, já teria valido a pena.
De tudo o que ele disse, há algumas palavras que deveriam ficar gravadas na nossa memória. Como quando o Papa falou na profecia cristã, em que se “responde ao mal com o bem, ao ódio com amor, à divisão com reconciliação”.
O Santo Padre disse que a fé traz consigo uma nova ideia de justiça. Uma justiça que renuncia à vingança, que não se contenta com a punição, mas que quer reconciliar, que quer impedir novos conflitos, que quer acabar com o ódio.
A fé traz consigo, diz o Papa, o perdão. E este perdão é mais forte do que o mal. Estas palavras poderosas do Santo Padre iluminam-nos e ajudam-nos a compreender a própria força da fé que se constrói com a oração…
O Papa esteve no Sudão do Sul e na RD Congo. Esteve com vítimas da violência de grupos armados, com vítimas do terrorismo.
O Papa esteve com crianças e mulheres e homens que foram espoliados da sua dignidade de seres humanos, crianças, mulheres e homens violentados, agredidos, mutilados.
O Papa falou das lágrimas deles e disse que essas lágrimas também eram suas. O Papa olhou nos olhos o sofrimento destes deserdados da vida e disse-lhes que estava ali para lhes levar a certeza da carícia de Deus.
O Papa esteve na RD Congo e no Sudão do Sul, com as vítimas dos que exploram África e acusou todos os que são responsáveis por essa exploração de envergonharem a humanidade. O Papa falou em escândalo e em hipocrisia.
Se o pontificado de Francisco se reduzisse a esta viagem, a estes discursos, já teria valido a pena. Poucas vezes senti tanto orgulho em Francisco como nesta viagem ao Sudão do Sul e à RD Congo.
PA