Os bayingyis, descendentes de portugueses ficaram agora sem igreja | 5MIN #158 | 28JAN23

A histórica Igreja de Nossa Senhora da Assunção no vilarejo de Chan-tha-ywa, onde vive uma comunidade católica, os bayingyis, descendentes de portugueses, foi totalmente incendiada e destruída no passado sábado, dia 14 de Janeiro, por soldados da junta militar, em mais um sinal de violência contra as minorias religiosas, nomeadamente os cristãos de Mianmar.
Este é o lead da notícia da Fundação AIS de 18 de Janeiro. Quatro dias depois do ataque e destruição desta igreja o Papa Francisco disse que o seu pensamento estava com a população civil indefesa de Mianmar e pedia a Deus para que este conflito possa terminar o mais depressa possível.
A Igreja era um símbolo religioso, claro, mas também cultural. Na notícia da Fundação AIS dá-se eco também às palavras de revolta de um responsável pela AILD, Associação Internacional de Lusodescendentes, uma das poucas entidades que tem procurado alertar o mundo para os ataques sistemáticos contra os bayingyis.
Joaquim Magalhães de Castro, director-geral para a região Ásia Pacífico desta associação, lamentou o silêncio de Portugal face a mais um ataque, a mais um incidente, a mais um desrespeito por esta comunidade da Birmânia que exibe com orgulho duas das suas marcas distintivas: ser católica e ter raízes portuguesas.
“Aqui, em Portugal, continua o silêncio”, disse Magalhães de Castro à Fundação AIS. “Aqui em Portugal continua o silêncio, apesar de todos os factos do que tem vindo a acontecer, dos ataques, das destruições das colheitas e das casas. Portugal continua a ignorar e, mais grave ainda, continua a não reconhecer a existência desta comunidade apesar de historicamente isso estar mais do que comprovado. É lamentável”, disse este responsável.
A Igreja agora destruída, tinha sido erguida no século XIX, em 1894, e era motivo de orgulho para os católicos de Mianmar também por ter sido ali que se realizou o baptismo do primeiro bispo do país e por acolhido a ordenação de três arcebispos e mais de 30 sacerdotes e religiosas.
Os cristãos que ali costumavam rezar aos domingos ficaram agora sem igreja, sem altar, sem nada. Sobra-lhes a indignação e o silêncio. Um silêncio pesado de Portugal e de todo o mundo.
PA

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