A Ir. Maria de Coppi é mais uma mártir desta guerra não-declarada | 5MIN #139 | 15SET22

A irmã Maria de Coppi foi assassinada com um tiro na cabeça na noite de terça-feira, 6 de Setembro, na sequência de um brutal ataque terrorista à missão de Chipene, na diocese de Nacala, em Moçambique. Foi terrível.
Os terroristas deixaram atrás de si um enorme rasto de destruição. Todos os edifícios foram incendiados. A igreja, as salas de aula, os internatos para rapazes e raparigas, o centro de saúde, os automóveis… Nada escapou.
Quando se escutaram os primeiros tiros, todos procuraram fugir, escondendo-se nas matas. A irmã italiana, ao tentar aproximar-se dos dormitórios, para proteger as crianças e os jovens que ainda por lá se encontrassem, foi barrada pelos terroristas que a mataram no mesmo instante com um tiro na cabeça. Maria de Coppi teve morte imediata.
Horas depois, o grupo jihadista Daesh reivindicaria o ataque através de uma mensagem publicada na Internet em nome da Província do Estado Islâmico da África Central.
Nessa mensagem, os terroristas justificaram o assassinato da irmã italiana por ela estar “excessivamente comprometida com a disseminação do cristianismo”. Face a estas declarações, o Bispo de Nampula, D. Inácio Saure – que é também o presidente da Conferência Episcopal de Moçambique – não teve dúvidas em afirmar que Maria de Copi “é uma mártir da fé”.
O ataque à missão comboniana de Chipene provocou um sobressalto generalizado nas populações. De um dia para o outro, as aldeias ficaram vazias, com as pessoas, assustadas, a procurar abrigo nas principais cidades, Nampula e Nacala, até porque, dias antes, outras localidades situadas na região já haviam sido atacadas, com muitas casas queimadas e algumas pessoas assassinadas, quase sempre num registo de grande brutalidade.
Mas, desta vez, os terroristas iriam ainda mais longe, assassinando uma religiosa com um tiro na cabeça. Tinha 83 anos. Para trás, ficaram mais de cinco décadas em terras moçambicanas.
Estamos em 2022. Os primeiros ataques terroristas em Moçambique aconteceram no norte do país, em Cabo Delgado, no início de Outubro de 2017. Agora, cinco anos depois, a violência chega à província de Nampula, fazendo crescer ainda mais o já enorme rasto de destruição e morte. O balanço destes cinco anos não podia ser mais trágico: há cerca de 4 mil mortos e cerca de um milhão de deslocados. A irmã Maria de Coppi é mais uma mártir desta guerra não-declarada que se vive em Moçambique.
Paulo Aido

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