História da Semana #400

Marcelo Oliveira, administrador principal da província dos Missionários Combonianos na República Democrática do Congo, não escondia a alegria pela visita, já no início do mês de Julho, do Santo Padre a este país onde vive há mais de uma década. Infelizmente, a viagem a África, que incluiria ainda uma passagem pelo Sudão do Sul, que teve de ser desmarcada por questões de saúde. Adiada a visita, continua a vida de todos os dias. Para este missionário português natural de Mortágua, Diocese de Coimbra, é importante não descurar a atenção sobre os problemas – e são tantos – deste enorme país. A começar pela insegurança e pela pobreza. “O Papa”, lembra o Pe. Marcelo, “quis vir até ao meio de nós para poder tocar com as suas próprias mãos esta realidade”. Não será agora, mas a simples agenda do Papa ajuda a perceber como Francisco segue com atenção tudo o que diz respeito à República Democrática do Congo. Nos encontros que já estavam agendados, o Papa queria mesmo conhecer os problemas e contactar com as pessoas, com as vítimas da violência, com os deserdados da sorte, até com os que sofreram, há um ano, por exemplo, com a erupção do vulcão Nyiragongo. Estava também prevista a visita à cidade de Beni-Butembo, mas por questões de logística teve de ser anulada. No entanto, uma delegação das famílias que foram martirizadas, de famílias que estão em grande sofrimento, deveria vir desta diocese para poder estar com o Papa. Era uma agenda de contactos, de encontros, só possível para quem tem mesmo o sofrido povo da República Democrática do Congo no coração.
Para o Pe. Marcelo Oliveira, a visita do Santo Padre iria permitir que o mundo ficasse a conhecer melhor os problemas deste país que retratam, também, e de certa forma, muitos dos dramas do continente africano. É que a RD do Congo é um país imensamente rico e é aí, na riqueza que se esconde no subsolo, que reside a sua miséria. É uma aparente contradição que só se compreende com a ganância, o lucro desmedido e a falta de respeito pelas populações locais. “Este é um país riquíssimo em ouro, diamantes, cobalto, coltan… e tudo isso faz com que haja ataques para tentar fazer partir as populações e depois tomar posse das terras. Claro que tudo isto com muitos interesses da comunidade internacional, assim como de todos os países vizinhos, que procuram roubar, que procuram levar uma parte da riqueza de uma maneira fraudulenta… quantas riquezas, quanta madeira, quanto ouro, quantos diamantes são levados sem serem pagos…” Esta ganância pelas riquezas da República Democrática do Congo conduziu o país para um estado de permanente sobressalto, com grupos armados, exércitos de malfeitores, populações sequestradas pela violência. “São os ricos que enriquecem e os pobres que estão cada vez mais pobres. São os pobres que trabalham, mas são os ricos que levam para fora do país toda a riqueza que podeis imaginar… ouro, diamantes, e sobretudo o coltan, tão procurado para as informáticas… e tudo isso sai deste país pela dita porta do cavalo.”
Os Combonianos desenvolvem um grande trabalho missionário na República Democrática do Congo. E o Pe. Marcelo Oliveira destaca a importância da ajuda de instituições como a Fundação AIS. “Contamos com a vossa ajuda, com a vossa colaboração para tantas actividades, tantos projectos que nós, missionários Combonianos, realizamos neste imenso país”, diz, descrevendo alguns desses projetos… “Rádios, casas religiosas, sobretudo de irmãs, na ajuda aos sacerdotes para a celebração da Eucaristia, na construções de igrejas e de casas de formação, na compra de alguns carros para permitir aos missionários que possam fazer todo o seu serviço de evangelização da população, de acompanhamento das pequenas comunidades cristãs….” A lista é grande. As necessidades são muitas. Toda a ajuda é bem-vinda.

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