5 minutos com a AIS

Falei aqui de Cabo Delgado na semana passada e regresso a Moçambique pois as notícias que nos chegam deste país lusófono são muito graves. Há novos ataques, por parte dos grupos terroristas e aquilo que se pode concluir numa primeira leitura é que não falta ousadia a estes homens armados que afirmam e reafirmam estar ligados ao grupo Estado Islâmico.
Há notícias de ataques mesmo em zonas onde operam forças militares que estão no terreno precisamente para o combate ao terrorismo. Há notícias de pessoas assassinadas, degoladas, de pessoas raptadas e, como se isso não bastasse, a frequência destes novos incidentes não augura nada de bom.
A pobre região de Cabo Delgado arrisca-se a ficar cada vez mais pobre, mais afastada do mundo pois o medo é uma das primeiras consequências dos ataques terroristas. A morte e a destruição também. Dificilmente a vida irá regressar ao normal com as populações presas num círculo de medo e destruição.
Os pobres estão a ficar cada vez mais pobres e há o risco, enorme, de toda esta desgraça passar a segundo plano nas prioridades do mundo face à guerra na Ucrânia. Basta perceber o alinhamento das notícias nos telejornais. Cabo Delgado praticamente deixou de ser falado, mesmo continuando a haver ataques, morte e muita destruição.
O Bispo de Pemba, D. António Juliasse, tomou posse no sábado dia 21 de Maio. Falando à Fundação AIS, ele pediu para que o mundo não se esquecesse de Cabo Delgado. Se isso acontecer, será uma verdadeira tragédia.
A solidariedade não pode acabar. A solidariedade não pode ter prazo de validade especialmente quando se sabe que quase todos os dias há novos incidentes, novos ataques, novas vítimas da violência terrorista no norte de Moçambique.
Quando o Bispo pede para o mundo não se esquecer de Cabo Delgado, ele está a falar directamente para cada um de nós. Há um povo que depende do que fizermos e muito especialmente do que não fizermos. O silêncio pode ser tão fatal como as bombas. E se todos percebemos a importância da mobilização do mundo, da solidariedade do mundo para com o povo ucraniano, vítima da guerra, como não entender que no norte de Moçambique há quem precise também da nossa ajuda? Cabo Delgado não pode ficar esquecido. E isso depende de nós. Isso depende essencialmente de nós.
Paulo Aido

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