5 minutos com a AIS #114

“Sobrevivemos a mais uma noite. Estamos vivos e de boa saúde.” A frase é do Bispo de Kharkiv e diz muito, quase tudo, sobre a guerra na Ucrânia. O Bispo é uma das pessoas que conhece melhor o drama das populações forçadas a viver escondidas das bombas em caves profundas, nas estações subterrâneas ou em improvisados ‘bunkers’.
D. Pavlo Honcharuk, o Bispo da Diocese Católica de Kharkiv, sabe bem, quase desde a primeira hora, desde a madrugada de 24 de Fevereiro, o que significa a guerra. Logo nessa primeira semana após a invasão as tropas russas, um míssil atingiu a sua casa. Por sorte, não matou ninguém.
Ele é uma espécie de socorrista, pronto a acorrer a todas as situações mais difíceis, pronto a dar a sua ajuda, nem que essa ajuda seja apenas a sua presença, uma palavra amiga, um gesto solidário.
A guerra mudou tudo em todos os lugares na Ucrânia. Tamem em Kharkiv. O Bispo passa agora o tempo visitando os feridos, nos bunkers, ao lado dos que se escondem das bombas, nas ruas, procurando ajudar as equipas de socorro, os bombeiros, os voluntários.
Com a cidade bombardeada, transformada quase num destroço, os hospitais passaram a ser lugares preciosos. É aí também que o Bispo passa o seu tempo. Essa é agora a sua missão. É a solidariedade a funcionar em todas as suas valências.
A presença do Bispo, dos padres e das irmãs é um sinal desta Igreja que se transformou, que está mobilizada, que está de mangas arregaçadas a trabalhar 24 sobre 24 horas.
À cidade de Kharkiv tem chegado ajuda humanitária. Tudo o que vem é bem-vindo numa região onde já fala quase tudo. Pequenas carrinhas ou simples automóveis fazem-se à estrada com essas bagagens preciosas. Levam medicamentos, alimentos, mas também fraldas, tudo o que já não existe nas prateleiras de lojas, de supermercados ou farmácias que também já não existem.
O Bispo falou com a Fundação AIS ao telefone e contou como a vida se transformou na sua cidade, na sua diocese, no seu país.
A Ucrânia é agora quase uma ruína. Falta tudo, há cidades praticamente desfeitas, há inúmeras famílias divididas, há um sentimento geral de dor e de sofrimento.
Mas há também esperança. E o Bispo de Karkhiv falou-nos dessa esperança, falou na importância absolutamente vital da oração, falou na fé que está a unir as pessoas, que está a alimentar o povo ucraniano, falou no amor como a força capaz de destruir o mal. A única força capaz de destruir o mal.
Paulo Aido

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