A Fundação AIS divulgou em Lisboa, no passado dia 22 de Junho, mais uma edição do Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo. Desta vez o período em análise abarca os anos de 2021 e 2022.
Um dos países assinalados a vermelho, pelo nível elevado de perseguição e violência que foi registado neste período, é Moçambique.
Durante estes dois anos, um incidente grave começa agora a ganhar algum destaque. Ocorreu na vila de Palma, província de Cabo Delgado, em Março de 2021, quando terroristas invadiram a localidade aos tiros.
Até ao momento, as autoridades apenas reconheciam a existência de algumas dezenas de mortos e desaparecidos. Mas tudo mudou com a divulgação, agora, de um relatório de um jornalista norte-americano.
Alex Perry, que conduziu durante os últimos meses uma investigação sobre o ataque terrorista à vila de Palma, permite concluir ter ocorrido um verdadeiro massacre e fala em mais de 1300 mortos…
Esta informação ganha, entretanto, ainda mais relevo pois o padre Eduardo Roca, um sacerdote católico que está desde 2012 na Diocese de Pemba, onde lidera o Centro Inter-religioso para a Paz, enviou uma mensagem para a Fundação AIS em Lisboa com novos dados sobre o que terá acontecido, falando numa violência dramática e em famílias inteiras assassinadas.
Além disso, este sacerdote aponta o dedo também para a empresa francesa, a TotalEnergies, que estando a operar na região, na mega exploração de gás que está a acontecer na costa moçambicana, terá agido com enorme negligência no socorro às populações que fugiam dos terroristas.
E refere ainda que terão ocorrido situações escandalosas, como um caso de animais de estimação que foram retirados do local por helicópteros da empresa, que ignorou, no entanto, os pedidos de socorro dos que fugiam da violência bárbara dos terroristas.
Uma situação perturbadora que terá de ser analisada ao pormenor para que, a confirmarem-se estes dados, os responsáveis sejam chamados à justiça. É o mínimo que se pode fazer…
Paulo Aido
