O carro do Pe. Walter Chenyika já se gastou nas viagens de ida e volta, às vezes por caminhos improváveis, mas sempre arriscados. Foram milhares de quilómetros, dezenas de arranjos na oficina, muitas vezes quase impossíveis operações cirúrgicas num carro que há muito tempo já devia ter deixado de existir. Inventaram-se peças, forjaram-se soluções, mas nada que conseguisse impedir o estertor final. E sem carro, o Pe. Walter também ficou sem a sua Missão. Como chegar aos seus paroquianos que vivem, às vezes, a mais de 140 km de distância?
D. Raymond Mupandasekwa, Bispo de Chinhoyi, sabe bem das dificuldades do seu sacerdote. Mas não se ficou por o ouvir falar. Ele próprio fez-se à estrada para ver com os seus próprios olhos como era a vida na aldeia mais pobre da sua diocese, situada a norte do Zimbabué. Na Páscoa, foi até lá. Na altura, já o carro do Pe. Walter vivia das transfusões de criatividade dos mecânicos… O Bispo foi até lá, à Missão de Chitsungo, e decidiu ficar algum tempo com os mais pobres de uma dessas aldeias. Escolheu uma das mais isoladas, a de Kanyemba. Durante cinco dias e cinco noites, o Bispo viveu como um aldeão, dormiu numa tenda, partilhou a comida, as conversas, as preocupações.
Naquela região, situada a norte do país, as populações são tribais, muitos ainda vivem da caça e do que recolhem nas florestas. Também ali se fazem sentir os problemas gerais do país, que tem vindo a empobrecer com uma inflação brutal que empurra as famílias para a miséria. Mas o Bispo sabe que é precisamente por causa de tudo isto, que a presença da Igreja é importante. As pessoas precisam de ser acompanhadas por alguém que lhes possa administrar os sacramentos, ajudá-las a crescer na fé e, ao mesmo tempo, guiá-las para uma melhoria gradual das suas condições de vida. “Pensei em como a Igreja poderia apoiar”, diz-nos o bispo, sem conseguir esconder que ficou abalado com a miséria que os seus olhos viram durante a visita. Os desafios são imensos. Além dos cuidados pastorais, da escolaridade das crianças e jovens, há que garantir que todos tenham acesso a cuidados médicos. E isso não é um desafio. É uma prioridade. “Fora da Igreja, ninguém se preocupa com as pessoas”, confessa-nos o bispo.
Mas há o problema das deslocações do sacerdote. O carro do Pe. Walter já se esgotou, já se esfalfou em milhares de quilómetros e nem na mais qualificada oficina local tem arranjo. E sem carro, a aldeia mais pobre da diocese de Chinhoyi ficará sempre longe de mais. Por causa disso, D. Raymond pediu a ajuda da Fundação AIS para que o Pe. Walter possa continuar a fazer-se à estrada. “Sem um carro, o trabalho pastoral é impossível”, diz-nos, numa carta em que pede apoio para a aquisição de uma viatura robusta para as duras estradas do Zimbabué. É apenas um carro para um padre, mas, na verdade, é muito mais do que isso. Nas suas viagens, o Pe. Walter já levou doentes ao médico, transportou homens, mulheres e até animais. E já fez as vezes das ambulâncias que nem se atrevem a ir pelos difíceis caminhos que levam às aldeias da Missão de Chitsungo. O carro do Pe. Walter já salvou vidas e ele quer continuar a ser uma espécie de anjo da guarda do seu povo. Para isso, precisa de um carro novo. Vamos ajudá-lo?