Foi publicado, nos últimos dias, a versão actualizada do relatório “Nicarágua: uma Igreja perseguida?”, da responsabilidade da advogada e defensora dos direitos humanos Martha Patricia Molina.
Este relatório permite descortinar com minúcia de que forma o governo de Daniel Ortega tem vindo a tentar silenciar padres, irmãs, leigos, missionários, mas também jornalistas, professores, médicos, advogados…
O relatório aborda o período entre Abril de 2018 e Outubro deste ano e é taxativo no retrato que faz da repressão na Nicarágua. Há, actualmente, 2194 prisioneiros políticos na Nicarágua e milhares de cidadãos foram forçados ao exílio.
A situação em relação à Igreja é profundamente grave. É raro o dia, ou semana em que não ocorre algum episódio de violência, de prepotência das autoridades. Um dos mais recentes foi a 19 de Novembro…
Nesse sábado, uma procissão católica, com dezenas de fiéis, fazia o seu caminho nas ruas de Masaya, uma cidade no sul da Nicarágua, quando foi interrompida pela polícia forçando todos a regressarem à Igreja local.
Este incidente já não foi catalogado na edição actualizada do relatório sobre a perseguição à Igreja na Nicarágua. Mas o que já se pode ler é demasiado inquietante.
A primeira conclusão é que, no período em análise, houve 396 ataques contra a Igreja Católica. Ataques que tiveram a forma de profanações, roubos, ameaças e também discursos de ódio. Mas talvez o mais significativo é que, durante este período, foram vários os bispos, padres, irmãs e leigos visados pelas autoridades.
O relatório é bem pormenorizado sobre esta repressão. Toda esta violência, teve um dos momentos mais preocupantes com a prisão, em 19 de Agosto deste ano, do Bispo de Matagalpa. A prisão de D. Rolando Álvarez representou, como denunciou então a Fundação AIS, uma tentativa de silenciar a Igreja na Nicarágua.
E é preciso lembrar que além do Bispo Álvarez, três outros padres, um diácono, dois seminaristas e um fotógrafo também foram presos nessa altura… E como se não bastasse tudo isto, até as missionárias da Caridade, a congregação de Madre teresa foram expulsas do país assim como o Núncio apostólico… E também houve o encerramento forçado do canal de televisão da Conferência Episcopal e de outras oito estações de rádio da Igreja.
O relatório aí está. Só não lê quem não quiser, só não vê o que se está a passar quem não quiser. Nicarágua. Um país em que a Igreja é perseguida. É preciso denunciar isto.
Paulo Aido