Kinza tem apenas 14 anos de idade, vive em Lahore, uma das principais cidades do Paquistão, e foi raptada quando estava em casa, a 19 de Setembro do ano passado, por cinco homens.
Violentada, forçada a converter-se ao Islão e a casar com um dos raptores, a jovem acabou por ser libertada depois de os seus pais terem alertado a polícia e de o caso ter chegado ao tribunal. Mas os problemas não acabaram aí e a família tem vindo a ser ameaçada…
Esta não é apenas uma história, ou apenas mais uma história. É um autêntico drama que está a acontecer no Paquistão.
Raparigas, adolescentes e mulheres pertencentes a minorias religiosas são raptadas, violentadas e obrigadas a casar, depois de serem também forçadas a converterem-se ao Islão.
Todos os anos, centenas de raparigas caem nas malhas de extremistas que sentem poder agir com impunidade.
Dados do Parlamento Europeu de 2018 apontam para cerca de mil casos todos os anos. A minoria cristã é uma das mais atingidas.
Muitas das raparigas raptadas nunca mais regressam ao seio das suas famílias, mas aquelas que conseguem libertar-se dos seus sequestradores, continuam a ser, muitas vezes, alvo de intimidação. É o que está a acontecer com Kinza e com a sua família.
Por isso, é particularmente relevante escutar o que estas jovens ou mulheres cristãs têm para contar e denunciar. É que, para o fazerem, precisam de muita coragem.
A Fundação AIS está profundamente empenhada no apoio a estas mulheres e raparigas.
Há uma tragédia que está a acontecer no Paquistão, nos dias de hoje, mas o mundo finge ignorar o que se passa. Infelizmente, não só no Paquistão que raparigas pertencentes a minorias religiosas são alvo de violência.
O mesmo se passa no Egipto, na Nigéria e em vários outros países. Esta é uma realidade preocupante. Não há que ter medo das palavras. A esmagadora maioria destas jovens, destas mulheres raptadas, tem à sua espera uma vida de escravidão. Até ao dia em que foram raptadas, viviam numa família, tinham sonhos, projectos. Depois de terem sido sequestradas, o maior sonho, como nos contou Kinza, é apenas o da liberdade, o de regressarem a casa, o de deixarem de sofrer.
A Fundação AIS lançou um relatório, no ano passado, intitulado “Oiçam os Gritos Delas”. São histórias, denúncias, alertas. Apetece dizer: pelo menos, oiçam os gritos delas. Há milhares de mulheres, milhares de jovens, milhares de raparigas que pedem, que suplicam por ajuda. Apoie a Fundação AIS também nesta causa. Muitas destas jovens não têm mais ninguém que olhe por elas…
Paulo Aido