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O Popcasts Foi Tema de Conversa em Barcelona

7ª Edição do ECREA

O podcast não pode resumir-se a uma conversa de café onde se discutem temas de ervanária. Palavras da Prof. Rita Curvelo da Universidade Católica Portuguesa, que levou o Popcasts à 7ª edição do ECREA. O Popcasts foi tema de conversa em Barcelona, no passado mês de setembro. Durante 3 dias, especialistas de diferentes nacionalidades refletiram sobre o universo do áudio, onde é claro os podcasts surgiram em lugar de destaque.

A prof. Rita Curvelo escolheu apresentar nesta Conferência o Popcasts, a primeira plataforma portuguesa de conteúdos digitais. De regresso a Portugal pedimos a esta especialista em comunicação, que nos contasse como foi recebida esta ideia de uma plataforma de conteúdos digitais de língua portuguesa.

A Rádio e os Ecossistemas Sonoros na Era das Plataformas

  • Nesta 7ª edição da ECREA, quais eram as principais reflexões que ocuparam os participantes?

Esta sétima edição da ECREA teve como título A Rádio e os Ecossistemas Sonoros na Era das Plataformas. Procurou debater o modo como, em geral, a emergência das plataformas digitais tem vindo a transformar as rotinas e a oferta dos meios de comunicação social. E, em concreto, a vida da rádio. Lembro-me de uma das primeiras palestras, apresentada pela Rosa Franquet. A Rosa falou, precisamente, sobre este percurso da rádio: “da telegrafia sem fio à inteligência artificial”. E apresentou os desafios que o meio tem pela frente. Nomeadamente, no que toca à produção de conteúdos áudio, à sua distribuição, consumo e respetiva monetização no digital.

Nesta conferência falou-se muito da importância crescente dos serviços de streaming e do modo como estão a desafiar a realização de conteúdos sonoros.

De um modo geral, a maioria dos oradores salientou a ideia maravilhosa que é “a redescoberta do som e da palavra” numa era de enormes disrupções. Sendo eu da rádio, embora já não esteja “no ativo”, acho isto incrível. Depois de estarem sempre a vaticinar a morte da rádio, se assiste hoje a uma espécie de regresso às origens. Num cenário onde a palavra preterida na rádio é eleita “estrela” nas plataformas de streaming.

Porquê o Popcasts ?

  • Porque é que escolheste apresentar um projeto como o Popcasts?

Duas Ideias: Novidade! Língua portuguesa!

Este é o primeiro estudo sobre a primeira plataforma de podcasts portuguesa. Penso que pode contribuir para uma melhor compreensão sobre o tipo de resposta nacional aos podcasts de língua portuguesa, uma vez que agrega quase 3 centenas de podcasts.

  • Como foi recebida a tua apresentação? Quais foram as principais questões que te foram colocadas sobre esta plataforma?

As principais questões centraram-se na curiosidade sobre as preferências do público português em relação à oferta nacional de podcasts. Ou seja, qual a plataforma a que mais portugueses recorrem para ouvir podcasts. E se o Popcasts refletia, ou não, as tendências de consumo nacional do Spotify ou da Apple Podcast. No fundo, queriam saber se os podcasts mais ouvidos no Popcasts eram também os mais ouvidos noutras plataformas.

Estando o Popcasts aberto à colaboração de outros media portugueses, perguntaram-me também se já existia algum conteúdo de um jornal ou televisão disponível nesta plataforma.

A Caminho do Futuro

  • Pelo que ouviste durante toda a Conferência, que análise fazes de um projeto como o Popcasts?

Tem a grande vantagem de ter sido a primeira plataforma agregadora portuguesa que integra e promove apenas conteúdos na nossa língua. Assim sendo, pode vir a ser considerada uma referência, não só para os residentes em Portugal, como para toda a diáspora portuguesa.

É verdade que tem ainda um longo caminho a percorrer para alcançar uma maior notoriedade. Mas não podemos esquecer-nos de que é um projeto recente, que certamente ainda tem muito para mostrar.

Neste momento a sua concorrência é enorme. Não podemos ignorar o peso e a força de plataformas muito bem posicionadas como o Spotify ou o Apple Podcasts, ou mesmo o Youtube, a que recorre a maioria dos portugueses para consumir conteúdos áudio (não obstante este apresentar vídeo). Todavia, tendo em mente o crescimento exponencial do consumo de podcasts em Portugal e na Europa, entendo que é uma aposta segura do Grupo Renascença Multimédia. Para continuar a crescer precisará, no entanto, de desenvolver uma App, dado que os ouvintes estão cada vez mais habituados ao ´short cut”, isto é, a ter um acesso rápido e direto aos conteúdos que querem escutar.

O Ecossistema Português

  • Como professora, na licenciatura de Comunicação Social, em que lugar colocas neste momento o formato Podcast?

Como uma tendência áudio com enorme potencial e em curva ascendente. No entanto, sublinho sempre que, por muito êxito que um determinado conteúdo áudio possa ter no curto prazo, ele necessita de ser constantemente aperfeiçoado para continuar a ser relevante, seja qual for o tema. Existe muito a ideia de que qualquer um pode fazer um podcast e ser famoso. Não é bem assim. A meu ver, apenas triunfam no médio ou longo-prazo aqueles que apostam na diferenciação de conteúdos, numa estrutura coerente, numa apresentação pensada e trabalhada. O podcast não pode resumir-se a uma conversa de café onde se discutem temas de ervanária.

  • Quando falas aos teus alunos sobre Podcasts, qual é a tua principal preocupação?

Que identifiquem claramente o seu target ou nicho e que o tenham sempre em mente de modo a nunca perder o foco. Que ouçam e aprendam com o que os outros fazem: devem estudar a “concorrência” e apresentar algo novo… diferenciar-se, contar uma boa história, aquela que ainda ninguém contou. Nesta medida, digo-lhes para serem criativos quer na escolha de temas, quer na abordagem, e que não descurem a qualidade do conteúdo, a dicção e o conforto de escuta.

O Popcasts esteve em destaque na 7ª Edição do ECREA, onde este ano se refletiu sobre “A Rádio e os Ecossistemas Sonoros na Era das Plataformas”.

Porque o áudio está na ordem do dia, está na hora de lançares o teu e fazeres parte do Popcasts.