No sábado, de Maio, Carlos III foi coroado como monarca do Reino Unido numa cerimónia com pompa e circunstância que foi seguida, em todo o planeta, por milhões de pessoas. O Rei Carlos III é, seguramente, uma das personalidades mais importantes e influentes a nível global. É Chefe de Estado de um dos países mais poderosos do mundo e tudo o que diz ou faz é citado e observado por jornais, rádios e televisões com toda a atenção. Ao longo dos últimos anos, como Príncipe de Gales, Carlos tem erguido a sua voz em defesa não só da liberdade religiosa, mas também dos Cristãos perseguidos. E tem manifestado igualmente uma enorme proximidade e afecto para com a Fundação AIS. O episódio mais recente ocorreu já perto do Natal do ano passado, quando se encontrou com elementos da comunidade cristã vítimas de perseguição religiosa na Nigéria, num evento em Londres em que escutou, entre outros, o testemunho do Padre Alfred Ebalu, vítima de rapto no mais populoso país de África. O encontro decorreu na King’s House e contou com a participação também de uma delegação do secretariado britânico da Ajuda à Igreja que Sofre que lhe entregou um exemplar do relatório “Perseguidos e Esquecidos?”, que a fundação pontifícia publicara semanas antes.
Mas mais importante ainda do que este sinal de proximidade, foi a declaração que gravou, no seu gabinete oficial, na véspera de Natal de 2019. Nessa mensagem em vídeo, gravada expressamente para a Fundação AIS, o então Príncipe de Gales sublinhava a situação extremamente difícil em que se encontravam as comunidades cristãs vítimas de perseguição religiosa em diversos países do mundo, nomeadamente Iraque, Síria e Sri Lanka. O filho de Isabel II referia esses países como exemplo de lugares onde “inúmeras pessoas enfrentam terríveis perseguições ou são forçadas a fugir de suas casas” por causa da intolerância religiosa. Na mensagem, de quase três minutos, Carlos citava o relatório da Fundação AIS, lançado em Outubro desse ano, e lembrava que o mundo se preparava para celebrar uma vez mais o nascimento de Jesus, e que era também por isso “de vital importância” não esquecer “todos aqueles que sofrem perseguição por causa da sua fé cristã”. Lembrar ao mundo o sofrimento das comunidades cristãs vítimas da perseguição religiosa foi também o tema principal da mensagem de Páscoa do ano anterior, 2018. Essa mensagem ocorreu após encontros entre o então herdeiro da coroa britânica e diversos líderes cristãos do Médio Oriente que se realizaram através da colaboração da Fundação AIS. Na referida mensagem, o Príncipe de Gales assegurava a proximidade do seu “coração” aos que são “perseguidos” no mundo “por motivos religiosos”. Foram, de facto, diversas as vezes em que Carlos revelou publicamente a sua proximidade para com os Cristãos perseguidos e pelo trabalho desenvolvido por instituições de solidariedade como a Fundação AIS. Em Dezembro de 2015, por exemplo, o então Príncipe de Gales – na sequência de uma recepção de Advento, cujo anfitrião foi o Cardeal Vincent Nicholas, Arcebispo de Westminster – entregou um donativo à Fundação AIS, cujo montante não foi revelado. Já no ano anterior, 2014, sensibilizado com a situação terrível em que se encontravam as comunidades cristãs no Iraque, forçadas a fugir após as suas aldeias terem sido ocupadas pelos jihadistas do ‘Estado Islâmico’, o Príncipe Carlos fez também uma doação através da Ajuda à Igreja que Sofre.