Tinha 44 anos de idade, era amado, era estimado entre os seus paroquianos, entre os que viviam com ele em Yadin Garu, na Nigéria. Foi brutalmente assassinado no dia 15 de Julho.
O seu corpo, já em decomposição, só seria descoberto quatro dias mais tarde. Foi enorme a comoção entre a comunidade cristã local, não só na diocese de Kafanchan, mas em todo o país.
O padre Mark Cheitnum foi o quarto sacerdote a ser assassinado na Nigéria desde o início do ano. Foi morto depois de ter sido raptado. Só desde janeiro que mais de duas dezenas de padres foram raptados neste país de África.
Isto diz bem sobre o estado de insegurança, a ameaça concreta, real e assustadora que se faz sentir sobre cada sacerdote, sobre cada irmã, sobre cada catequista, sobre cada cristão na Nigéria.
Tudo o que pudermos dizer será pouco. Segundo um relatório que o Bispo de Makurdi fez chegar, entretanto, à Fundação AIS, só nesta região, que corresponde ao estado de Benué, calcula-se que nos últimos dois meses, 68 cristãos foram mortos. O número dos que já abandonaram a região começa a ser incontável.
A Nigéria é palco de ataques de grupos terroristas, nomeadamente os jihadistas do Boko Haram, mas também de pastores nómadas Fulani, maioritariamente muçulmanos, e de malfeitores que transformaram os sequestros num proveitoso negócio.
Podemos dizer, sem sombra de dúvida, que os cristãos estão sob uma ameaça cada vez mais real, mais brutal, na Nigéria. Sinal disso foi o ataque que ocorreu no dia 5 de Abril, domingo de Pentecostes, onde pelo menos 50 pessoas perderam a vida.
Um ataque, por homens armados, numa igreja, durante a celebração da missa. Tão grave quanto o ataque, tão grave quanto este massacre, foi o silêncio que se escutou em quase todos os meios de comunicação social. Tirando os meios da Igreja, alguém falou disto?
A vida dos cristãos na Nigéria vale muito pouco aos olhos dos responsáveis de muitas televisões, rádios e jornais em Portugal e em todo o mundo. E este é um tema também muito perturbador…
Foi no dia 5 de Abril, há cerca de três meses. Uma Igreja na Nigéria, no restado de Ondo, onde estava a ser celebrada uma missa, transformou-se num mar de sangue. Sobrou o silêncio do mundo perante as lágrimas de um povo que está a ser massacrado todos os dias.
Paulo Aido