Em julho do ano passado, as ruas de Cuba encheram-se de pessoas em protesto, em manifestações. Reclamavam por um país melhor, onde a vida fosse mais fácil, onde as pessoas tivessem futuro sem ter de emigrar. Onde houvesse mais liberdade.
Um ano depois, pouco parece ter mudado. Um sacerdote cubano, o padre Bladimir Navarro, falou para um programa a Fundação AIS em Espanha e descreveu um país pobre, onde idosos têm de procurar restos de comida nos caixotes do lixo, onde falta leite para as crianças, onde escasseiam ou não existem mesmo medicamentos essenciais, onde há filas para quase tudo, onde falta liberdade.
Este padre, a propósito das manifestações de há um ano, diz que é triste saber que há muitos jovens que estão ainda presos. Alguns dos que foram detidos por terem reclamado por um país mais livre, foram condenados a 10 anos de prisão.
Este padre fala num cansaço natural nas pessoas, numa pobreza que parece estar enraizada já no dia-a-dia, mas salienta que não estará tudo perdido. A Igreja continua a ser a expressão da esperança.
A Igreja continua ao lado dos que mais sofrem, dos que passam mais necessidades. Mas o padre navarro fez-nos um pedido concreto nesta entrevista à Fundação AIS: não se esqueçam de Cuba. Não deixem que o tema Cuba desapareça das notícias. Sejam a voz dos que não têm voz.
O pedido do padre navarro fica aqui, aos microfones desta sua rádio. Não se esqueça do sofrimento do povo cubano, mesmo que não oiça, não veja ou não leia nenhuma notícia. Neste momento, há idosos a procurar comida nos caixotes do lixo em Cuba. Neste momento, há jovens, há pessoas que estão presas apenas por terem pedido mais liberdade. Neste momento… Não podemos esquecer.
Paulo Aido | 23 Julho de 2022
