A guerra, com o todo o seu horror, entrou-nos por casa dentro com as televisões e as rádios em directo desde a Ucrânia, na madrugada de quinta-feira, 24 de Fevereiro.
Esta vai ser mais uma data em que a indignidade voltou a manchar o solo europeu.
Dias antes de a invasão ter começado, a Fundação AIS fez uma conferência, via internet, sobre a Ucrânia. E um dos convidados foi o Arcebispo da Igreja Católica Grega Ucraniana.
As palavras de D. Sviatoslav Shevchuk ainda ecoam na minha memória e são um refúgio neste tempo de tragédia no centro da Europa. Disse ele que a Igreja iria continuar junto do povo. Junto do seu povo.
Ele não podia adivinhar, quando falou com a Fundação AIS, que a invasão já estaria decidida na cabeça de Putin, mas sabia que, se a guerra chegasse, como chegou, qual iria ser a resposta de padres e de irmãs, qual iria ser a resposta da Igreja perante a tragédia que se adivinhava.
As palavras são dele. Eu apenas empresto a minha voz. “Nós vamos ficar com o nosso povo. Os nossos padres, as nossas irmãs vão ficar com o nosso povo. Não vamos fugir.”
Falar desta guerra significa também falar dos milhares de pessoas que vieram para as ruas gritar ‘basta’, em Lisboa, Londres, Paris, Roma, até em Moscovo, e em tantas, tantas outras cidades em tantos países.
Falar desta guerra significa lembrar a coragem dos que, no meio dos bombardeamentos, no meio das cidades e vilas sitiadas pelas bombas, estão ao lado dos mais vulneráveis, as crianças, os idosos, os doentes.
E tantos, tantos desses homens e mulheres corajosos são da Igreja, são padres, irmãs, são catequistas, são cristãos empenhados. São heróis. São verdadeiros heróis.
E é importante falar de um outro herói, seguramente o maior paladino da paz nos tempos actuais: o Papa Francisco. No domingo, 27 de Fevereiro, quando a guerra já ia no seu quarto dia, o santo padre voltou a falar, voltou a exigir a paz, voltou a denunciar os criminosos que decidem as guerras e semeiam morte e destruição.
É sempre bom ouvir o Papa. É particularmente importante ouvir alguém como o Papa dizer que quem faz a guerra esquece a humanidade…
Infelizmente, a guerra chegou, brutal, com uma dimensão inesperada, mas, na Ucrânia, os padres e as irmãs continuam no seu posto, ao lado dos que mais sofrem, ao lado dos que choram, dos que estão assustados, dos que viram o seu país ser invadido e o chão ficar manchado de sangue…
A guerra, com o todo o seu horror, entrou-nos pela casa dentro com as televisões e as rádios em directo na madrugada de quinta-feira, dia 24 de Fevereiro. E na manhã desse mesmo dia, a Fundação AIS tomou a decisão, a nível internacional, de avançar também com um pacote de ajuda extraordinária no valor de 1 milhão de euros. Uma ajuda para a Igreja da Ucrânia. Uma ajuda para os heróis do nosso tempo.
Paulo Aido