Não é possível dizer ainda como vai ficar a Ucrânia depois da guerra, mas já podemos dizer como ficou, para já, a Síria, ao fim de 11 anos de combates, de uma violência brutal, de uma guerra que, na verdade, ainda não terminou.
Mas é possível fazer já algum balanço. Mais de 500 mil pessoas morreram, a esmagadora maioria da população vive hoje numa situação de pobreza aflitiva.
Metade dos 23 milhões de sírios fugiram de suas casas e mais de 5 milhões estão no estrangeiro, em países da região. Falo da Síria a propósito de duas pessoas. Dois homens, um mais velho e o outro ainda jovem.
O mais velho já faleceu. Foi morto. Foi assassinado a tiro por jihadistas no início da guerra.
O mais novo há algum tempo que trava uma guerra muito sua, muito especial: a de ajudar as pessoas que estão em maior necessidade na Síria. E são tantas…
O homem mais velho, que já morreu, é o padre Franz. O mais novo, o voluntário, é Elias Jalhoum. Elias chegou a pensar em sair do país, em deixar tudo para trás, em fugir daquele pesadelo. Mas ficou preso ao exemplo do padre Franz. Ficar na Síria foi uma forma de prestar, de certa forma, uma homenagem ao padre Franz…
As imagens que vemos hoje da Síria são aflitivamente parecidas com as imagens que nos chegam todos os dias da Ucrânia.
A mesma destruição de cidades, as mesmas ruínas, a mesma miséria. Apesar disso, do desalento que essas imagens provocam, podemos dizer que não está tudo perdido.
É que, tal como na Síria, tal como o jovem Elias Jalhoum, também na Ucrânia há milhares de voluntários, de homens e mulheres, de padres e irmãs, de pessoas simples que estão onde são mais necessárias, junto dos doentes, dos feridos, dos que se escondem das bombas, levando comida e medicamentos. Levando, às vezes, apenas o conforto da sua presença, a simpatia de um abraço, a ternura de um sorriso.
Tal como na Síria, país em guerra há mais de 11 anos, também na Ucrânia não está tudo perdido. Há na Ucrânia muitos anjos da guarda como Elias Jalhoum para que a esperança seja possível…
Paulo Aido