África Ocidental, 1624.
Njinga Mbandi, a Princesa do Ndongo, nasceu com o cordão umbilical preso à volta do pescoço, e toda a sua vida procurou soltar-se. Aguentou de tudo. Cresceu como princesa e guerreira, aprendendo desde cedo a lutar com um machado. Assistiu à invasão de homens pálidos vindos de terras longínquas, que se apresentavam como “portugueses”. Perdeu o filho às mãos do próprio irmão, o medroso e paranóico Rei dos Ndongo. Foi embaixadora junto dos colonizadores, impressionando-os com a sua sofisticação. Mas um dia, fartou-se. Depois da misteriosa morte do seu irmão Rei, que pode (ou não) ter sido envenenado, Njinga assumiu os destinos do Ndongo e apressou-se a confundir ainda mais os pobres portugueses. É que os seus inimigos não esperavam muito de uma Rainha negra; mas Njinga desafiava todas as convenções. Usava roupas masculinas. Tratava os maridos como concubinas. Tornou-se líder dos guerreiros imbangalas, uma honra que até então nunca coubera a uma mulher. Aos olhos do Europeus, Njinga era algo estranho, algo absolutamente Queer. Como podia uma mulher africana combater ao lado dos homens e liderar um Reino? Fugindo a todas as expectativas de género, Njinga Mbandi transformou-se numa das mais respeitadas e lendárias líderes africanas.
“Radicais – Queers que fizeram História” é um programa da série “Sapiens” produzido pela Bruá Podcasts, narrado por Luís Moreira.
Com direcção criativa de Luís Francisco Sousa
Coordenação de guião por Renato Rocha
Escrito por Hugo Simões
Pesquisa por Nuno Mendes
Direcção técnica de Rita Cabrita
Sonoplastia de Sara Millen
Identidade gráfica desenvolvida por Rita Cabrita e Luís Francisco Sousa