O convidado desta semana é muito reservado e por isso não vai aparecer aos nossos olhos, mas é da maneira que os nossos ouvidos vão estar mais atentos ao que tem para dizer. Chama-se Gonçalo M. Tavares e, na minha modesta opinião, é o melhor escritor português vivo. Tem o dom de escrever como pensamos, no meio do caos e dos encontrões dos nosso pensamentos, como o movimento de todas as partículas que compõem a matéria sólida. Mas ao mesmo tempo, impregna o pensamento de um afecto contido, nuclear, que me emociona particularmente. Dono de uma inteligência e de uma imaginação rara, com a sua generosidade alheia, aceitou vir aos Melómanos e partilhar as suas escolhas musicais, e falar também da vida, das novas gerações e até do seu estudo de Anatomia. Provoquei-o na entrevista, ouvi-o com atenção e fiquei mais rica. Foi um prazer tremendo tê-lo conhecido e não podia estar mais feliz com o resultado. Gonçalo, se me estás a ouvir, obrigada pela naturalidade tão boa desta conversa. Ainda não me recompus.