2022/05/27 – É mais fácil comprar…

“É mais fácil comprar uma arma que um medicamento”, dizia alguém, num desabafo a propósito do recente massacre que vitimou 22 pessoas na passada terça-feira nos Estados Unidos.
Claro que o acesso assim facilitado à posse de armas contribui (e muito) para que estes massacres nos apareçam com alguma frequência: um qualquer devaneio adolescente, uma irritação contra os professores, contra os pais ou a sociedade, e facilmente se deita mãos de uma pistola e, no meio do desespero, se cometem crimes irreversíveis.
Mas creio que é também claro que o problema não se reduz a essa questão. Trata-se (e talvez com maior importância) de algo bem mais amplo e profundo, que diz respeito ao modo de viver contemporâneo. E não apenas nos Estados Unidos. Também entre nós.
Basta abrir a televisão e procurar um qualquer canal de cinema: quase invariavelmente somos confrontados com violência — armas, mortes e massacres. E o mesmo se diga dos jogos de computador: é raro aquele que não integre pelo meio qualquer coisa de violento.
E não são apenas os “maus” a serem violentos. Também os “heróis” usam de violência, ainda que para repor a justiça — ou melhor: aquilo que cada um acha ser a justiça…
As nossas palavras dizem que é bom ser pacífico; contudo, oferecemos a violência como ideal para solucionar os conflitos, ainda que seja apenas a jogar ou no “faz de conta” do cinema, mas moldando, dessa forma, o modo de reagir e de pensar social.
É verdade que a sociedade humana sempre foi violenta. Mas o progresso consiste em ser capaz de ultrapassar a violência como caminho para resolver os problemas, em favor do diálogo.
É por isso que não basta deixar de ter acesso fácil às armas. É necessário um novo modo de viver.

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