“Como é que decidiu ser Padre?” — esta é das perguntas “inevitáveis”. Claro que só livremente alguém pode ser Padre: é daquelas decisões fundamentais que, a partir de um momento, passam a dizer respeito à vida toda e ao todo da vida. É daquelas decisões que passam a iluminar tudo quanto somos e fazemos.
Claro que, para chegar ao “sim” final, existiram momentos mais importantes, de maior clareza. Como existiram, também, outros momentos de dúvida e de incerteza. Foi caminho percorrido, no qual foi decisiva a disponibilidade para escutar a Igreja que ia confirmando os passos dados, o percurso realizado.
Mas engana-se quem julga que alguém decide ser Padre como quem decide comprar um carro ou exercer uma profissão.
Antes de mais, é necessário estar disponível para escutar — para escutar Deus que, uma e outra vez, bate à porta do nosso coração. Que nos diz que o seu olhar repousou sobre nós; que precisa das nossas mãos, dos nossos olhos, da nossa boca para matar a fome de tantos, para estar presente na vida de muitos, sobretudo de quantos ainda não O conhecem.
E, a um dado momento, torna-se inevitável tomar a sério o convite — como poderíamos ignorar Deus que nos sai ao encontro, que se faz companheiro de jornada, que (uma e outra vez) vai dizendo: foi a ti que Eu escolhi? Aquele Deus, precisamente, que vai vencendo obstáculos e aplanando dificuldades que nos pareciam impossíveis de vencer.
Até que, finalmente, a resposta brota com normalidade e entusiasmo, tal como sucedeu com o profeta: “aqui estou; podeis enviar-me”.