Inquietante, mesmo | HS #432 | 24NOV22

Inquietante, mesmo. Em África, a situação piorou em todos os países sob pesquisa, com provas de um grande aumento de violência genocida por parte de grupos armados, incluindo jihadistas. No Médio Oriente, é a própria sobrevivência das comunidades cristãs no Iraque, na Síria e na Palestina que está em causa. Na Ásia, o autoritarismo do Estado tem sido o factor crítico na opressão contra os Cristãos na Birmânia (Mianmar), China e Vietname, entre outros países. Da pior forma, a liberdade de consciência e de religião continua estrangulada na Coreia do Norte. Mas a perseguição aos Cristãos é também um assunto inquietante em países como o Afeganistão, Índia ou Paquistão. No período em análise, de Outubro de 2020 a Setembro deste ano, assistiu-se nos 24 países em observação ao agravamento da perseguição aos Cristãos. É o que se passa na Coreia do Norte, China, Índia e Birmânia. Aí, constata o Relatório da Fundação AIS, “a opressão aos cristãos aumentou”. Particularmente preocupante é a situação em África, “onde o extremismo ameaça comunidades cristãs outrora fortes”. A violência que se tem registado permite falar já em “possível genocídio”. Um dos países em análise é Moçambique, onde ataques sistemáticos por parte de grupos terroristas que reivindicam a ligação ao Daesh levaram já ao deslocamento de mais de 800 mil pessoas e à morte de mais de 4 mil. Particularmente grave é o que se passa na Nigéria. A Fundação AIS refere que o número de ataques aumentou acentuadamente nos dois anos em análise, havendo mais de 7.600 cristãos mortos.
O Relatório da Fundação AIS apresenta o testemunho do Pe. Andrew Abayomi, que estava a celebrar a Missa no Domingo de Pentecostes, a 5 de Junho deste ano, quando a igreja foi palco de um violento ataque na Nigéria. Foram momentos de pânico que dificilmente irá esquecer. “Enquanto as balas enchiam o ar, eu só pensava em como salvar os meus paroquianos.” Esconderam-se na sacristia. Houve tiros, explosões durante cerca de 25 minutos. Só quando os terroristas abandonaram a igreja foi possível compreender o que tinha acontecido. Foi um massacre. Houve, pelo menos, 40 mortos e largas dezenas de feridos. Eram todos cristãos. Diz o Pe. Abayomi que o mundo está a ser, de alguma forma, cúmplice destes terroristas. “Está a acontecer um genocídio, mas ninguém se importa”, diz o sacerdote. E esta é uma realidade que ocorre em muitos países. Não apenas na Nigéria. “Não são apenas os Cristãos da Nigéria que sofrem, mas os do Paquistão, da China, da Índia e de muitos outros lugares”, acrescenta o sacerdote. “Os cristãos são assassinados por toda a África, as suas igrejas atacadas e as suas aldeias arrasadas. No Paquistão, são detidos injustamente sob falsas acusações de blasfémia. Meninas cristãs são raptadas, violadas e forçadas à conversão e a casar-se com homens de meia-idade, em países como o Egipto, Moçambique e Paquistão. Na China e Coreia do Norte, governos totalitários oprimem os fiéis, controlando cada um dos seus passos. E, como este Relatório demonstra, a lista de abusos continua…” E será sempre assim se o mundo não se indignar. Como escreve o Pe. Andrew Abayomi, esta Igreja que sofre precisa de ajuda. “Mais organizações como a Fundação AIS precisam de denunciar a verdade do que está a acontecer aos cristãos em todo o mundo. De outra forma, seremos sempre perseguidos e esquecidos.” O repto está lançado. Agora é a nossa vez de agir. Ou ser cúmplice…

Ver mais episódios