No dia 16 de Maio, um homem pegou numa pistola e disparou contra um autocarro escolar no Paquistão. Matou duas raparigas e feriu mais cinco. Esta notícia é preocupante, por si, pelo que representa, mas é preciso perceber exactamente o que se passou.
Primeiro, é necessário dizer que o homem que pegou na pistola e disparou contra as crianças é um polícia.
Segundo, que ele foi contratado pela própria escola para fazer a segurança ao edifício.
Terceiro, que a escola em que ocorreu este crime, esta tragédia, é um estabelecimento de ensino da Igreja.
É uma escola católica gerida pelas irmãs da Apresentação da Bem-Aventurada Santíssima Virgem. Tudo isto dá um outro enquadramento a este ataque, a este crime deliberado contra crianças numa escola no Paquistão.
O ataque ocorreu em Sangota, no norte do Paquistão e depressa gerou uma onda de perplexidade e de revolta. Nem outra coisa seria de esperar.
D. Sebastian Shaw, arcebispo de Lahore, de passagem por Portugal, comentou este ataque à Fundação AIS e fala na agressividade de sectores mais radicais e que são contra a educação das raparigas.
Este é uma das razões que terá levado o polícia a vestir a farda de assassino para cometer o crime.
No norte do Paquistão, numa zona muito perto do Afeganistão, há demasiadas pessoas que acham que as raparigas não devem estudar, não devem ir para a escola, não devem ocupar nenhum lugar de relevo na sociedade.
Todos os que ousam o contrário estão na mira destes fanáticos. Aconteceu agora com uma escola católica, aconteceu em 2012, por exemplo, com Malala Yousafzai, a activista que ganhou o Prémio Nobel da Paz por fazer campanha contra a proibição da educação das mulheres pelos talibãs paquistaneses, e que foi baleada na cabeça quando regressava da escola num autocarro.
A notícia deste ataque, do assassinato destas duas raparigas católicas não chegou à imprensa em Portugal.
Com excepção da Fundação AIS e de um ou outro meio de comunicação especialista em assuntos religiosos, ninguém escreveu uma linha sequer sobre o crime que escandalizou a comunidade católica no norte do Paquistão.
Esse silêncio diz também muito sobre o nosso país e a defesa das comunidades cristãs mais ameaçadas no mundo.
Paulo Aido