Por vezes, dá-me a sensação de que se olha para a Igreja como se fosse uma espécie de “supermercado religioso”. Do estilo: “já que precisamos de nos salvar e de estar bem com Deus, então devemos fazer coisas religiosas… E eis que existem várias instituições que nos fornecem esses serviços — que bom, pensamos, assim podemos escolher a que mais nos agrada”!
Mas sabemos que a Igreja não é um “supermercado religioso”. Ela é antes a família dos filhos de Deus, aberta e onde todos devem encontrar um lugar: é a família dos que estão disponíveis para se entreajudar num caminho de conversão até chegarem a Deus.
Vejamos algumas diferenças. Um supermercado existe para ter lucro; a família tem no centro o amor e a gratuidade, ainda que todos contribuam para a sua vida. Um supermercado procura adaptar-se ao gosto do consumidor; a família parte da vida daqueles que a constituem. No supermercado compram-se coisas; na família tudo é feito de relações pessoais. Um supermercado é impessoal, os produtos à venda são todos iguais, e todos pagam o mesmo por aquilo que compram; a família é construída por relações únicas, porque cada um dos seus membros é único e se relaciona com os outros de um modo único. No supermercado, tudo quanto tenha falhas é deitado fora; na família, as falhas de um dos membros são vividas e partilhadas por todos, ainda que com sofrimento — e todos se procuram ajudar e corrigir mutuamente.
Mas, claro, a grande diferença é que a Igreja é querida por Deus: é um povo, presente e espalhado pelo mundo inteiro, que encontra a sua razão de ser no mandato de Jesus: Ide e anunciai o Evangelho.